2.3.16

O sentido da vida



Qual o sentido da vida? Você já pensou nisso. Já desistiu de pensar. Ficou decepcionado, chateado, furioso, confuso. Eu também. Alguns vão atrás e outros, ignoram. Porém há um momento que você precisa ir atrás de respostas.


Para alguns, saber ou não saber qual é o sentido exato da vida não faria diferença alguma; para outros é desesperador, a ponto de deixar de viver - enquanto sobrevive.


Aristóteles estava errado! Para muitos o sentido da vida consiste em alcançar a verdadeira felicidade. Ok. Mas o que é felicidade? Os que pensam assim consideram a felicidade algo circunstancial. Isso é alegria – temporal. Felicidade vai além, é atemporal, é transcendente.


Aristóteles considerava que a verdadeira felicidade só seria alcançada num estado de completa apatia, um estado de indiferença sobre tudo aquilo que nos rodeia. Já pensava assim – mesmo sem conhecer a filosofia dele. Este filósofo defendia que só a indiferença pelo destino, e uma vida livre de emoções de sensações poderá levar-nos à felicidade.


Outro que estava equivocado parcialmente era Epicuro. Para ele o sentido da vida passa, não no alcance da felicidade, mas na satisfação de desejos e prazeres. Nisso, mesmo que inconsciente sobre quem filosofou acerca, vive a maioria das pessoas. Busca frenética pelo prazer. Nisso diferem de Epicuro, pois para ele o prazer é a ausência de dor.


Prazer não é isso. Vocês sabem muito bem. Seu pensamento consistia em que para vivenciar esse prazer é fundamental evitar a dor e para isso não devemos viver com medos ou preocupações. Em partes correto; Jesus nos ensinou a ter um propósito e não medos, pois “o perfeito amor lança fora o medo”.


Epicuro não defende uma vida recheada de luxos e excessos, mas uma vida em conformidade com a natureza e com os outros. A morte não existe para ele, pois não a vê, apenas participa. Quando a morte existe, ele que não existe mais. Assim, em suma, desfrutemos da vida e ocupemos nossa mente não com problemas.


Sabendo disso podemos pensar melhor fundamentados sobre o sentido da vida. De fato, pensamos no sentido da vida, quando perdemos o entendimento dos caminhos do sentido – mesmo sem o ter claro.
É mais ou menos assim: não sei o sentido, mas se tudo está indo bem, faz algum sentido. Se não está de acordo com o que tenho no subconsciente, não há sentido. Nosso cérebro é demais!


Theodor Seuss Geisel diz: “Eu gosto de coisas que não fazem sentido: isso acorda as células do cérebro. Fantasia é um ingrediente necessário em nossas vidas, é um modo de olhar a vida pelo lado errado do telescópio. Isso é o que faço, e isso permite que você ria das realidades da vida. ”


Porém nenhum pensador chegou perto do ‘Eclesiastes’. Lendo Eclesiastes pode-se identificar como ‘o mais pra baixo, pessimista’. Eu prefiro ‘o realista’. Ele diz que os esforços são sem sentido, são bolhas de sabão que estão e logo se dissipam – por não compreender o sentido. Aliás, ele compreende o sentido ao assumir que não temos capacidade para identificar de maneira racional como gostaríamos.


Nisso concorda Niels Bohr que diz que o sentido da vida consiste em que não tem nenhum sentido dizer que a vida não tem sentido.


O sentido da vida é viver. Adaptando-se a viver. Por acaso escutei uma entrevista do lutador Minotauro, que em palavras sábias falou que na vida é preciso aprender a apanhar, pois bater todos sabem. Temos de estar nos adaptando quando as coisas não são como gostaríamos. No mais tudo vai bem.


O que que me faz pensar quase como Aristóteles, é a frase de Ludwig Wittgenstein: “O que sei sobre Deus e o sentido da vida? Eu só sei que este mundo existe”.


Para Pablo Picasso o sentido da vida é encontrar o seu dom e o propósito da vida é compartilhá-lo. Agatha Christie diz que a essência da vida é andar para frente; sem a possibilidade de fazer ou intentar voltar a trás. A vida é uma rua de sentido único.


Não é possível voltar. O que fiz, fiz. O que não fiz não faço mais. Nisso temos Deus e seu maravilhoso propósito. Em todo plano de redenção e salvação, o propósito era nos dar vida, e vida abundante, com sentido: amor.


Carl Jung diz que o indivíduo não realiza o sentido da sua vida se não seguir um serviço sobre-humano, algo transcendental e espiritual. Johann Goethe complementa esse pensamento dizendo que em uma situação difícil, escutar o coração mostra o sentido.


Mas o coração do homem não é enganoso como diz a Bíblia? Temos convicções pré-estabelecidas, sem necessidade de doutrinação. Sabemos o certo e o errado. Aí vem o relativismo doutrinando jovens indefesos com o pensamento de que nada é certo e nada errado, tudo depende.


Afinal, qual o sentido da vida? Você já descobriu. Viver. Viver uma vida bem vivida, com propósito. Deus nos dá a pista que o propósito da vida não é viver para o eu, para o ego, mas sim perceber a felicidade pelo amor. O amor não é restritivo, é ao próximo.


“A fé é o conhecimento do sentido da vida humana, conhecimento que faz que um homem não se destrua, mas que viva. A fé é a força da vida”. León Tolstói


“Tente estar em paz consigo mesmo, e ajude os outros a compartilhar desta paz. Se você contribuir para a felicidade de outras pessoas, encontrará a verdadeira meta, o verdadeiro sentido da vida”. Dalai Lama


“Aquele que tem um porquê para viver pode suportar quase todos os cosmos”. Nietzshe


Vitor Frankl relatou em seu livro “Em busca de Sentido” (tradução própria de Man's Search for Meaning 1959), que os prisioneiros, como ele também foi, que mais sobreviviam ao sofrimento do/no campo de concentração de Auschiwitz eram aqueles que sabiam que havia uma tarefa esperando por eles para ser realizada.


Viva!




Por Félix M. Lírio