A maioria das pessoas interpretam
equivocadamente o significado de santidade.
Alguns tratam santidade como ser excessivamente
religioso, a ponto de estar, em certa maneira, sem contato com o 'mundo', ou
com a realidade cotidiana; outros pensam santidade como fanatismo religioso,
assumindo o papel de 'super espiritual' aquém do 'mundo' e acima das pessoas
comuns, com um relacionamento diferente com Deus, algo que ninguém pode obter.
Soberba construída em uma idiotice sem
fundamentos - religiosidade longe de ser Cristianismo!
O verdadeiro significado da santidade é a
incompatibilidade com o pecado. Um atributo de Deus que os homens devem buscar.
Separados (não do mundo) do pecado com uma
finalidade: em todos os atos glorificar a Deus (no mundo), fazendo assim com o
testemunho vivo (vida cotidiana como trabalho, escola, etc.), conhecida a
reconciliação com Deus através de Cristo.
Ao olharmos para o povo de Israel, vemos
mandamentos à Santificação, pois Deus é santo (Lv. 20.7 entre outros textos). O
povo de Israel deve santificar-se para o Senhor (Dt. 7.6; 14.2), tornando-se
uma nação santa (Ex. 19.6); um povo santo (Is. 62.12; Dn. 12.7); uma raça santa
(Ed. 9.2); uma comunidade de santos (Sl. 16.3; 34.9); um reino de sacerdotes (Ex.
19.6) e uma congregação santa (Nm. 16.3)¹.
O livro de Levítico servia de uma espécie
de código de santidade, com inúmeras leis pessoais, rituais e cerimoniais, cuja
finalidade é promover e tipificar a santidade (Lv. 17 – 26). Ali são tratadas todas
as questões de moralidade prática e pessoal, e não apenas questões cerimoniais.
Espera-se que o povo de Deus seja honesto (Lv. 19.11, 36), veraz (Lv. 19:11), respeitoso
aos seus pais (Lv. 19. 3), respeitoso aos idosos (Lv. 19.32), tratando os
servos com justiça e equidade (Lv. 19.13), amando ao próximo (Lv. 19.33,34),
mostrando-se generoso para com os pobres (Lv. 19.10,15), ajudando aos
fisicamente incapacitados (Lv. 19. 14, 32), mostrando-se sexualmente puro (Lv.
18.1-30; 20.1-21) e evitando as superstições (Lv. 19.26, 31; 20.6, 27).
A santidade de Deus é exibida em seu
caráter (Sl. 22.3 e João 17.11), em seu nome (Is. 57.15), em suas palavras (Sl.
60.6), em suas obras (Sl. 145.17) e em seu reino (Sl. 47.8 e Mt. 13.41). Há pureza,
justiça e bondade perfeita em todas essas coisas, tendendo à retidão e ao
bem-estar de todos, pois Deus é a fonte de tudo isso. A santidade de Deus deve
ser imitada (Lv. 11.44; I Pe. 1.15,16).
Bem, concluímos que o conceito de
santificação para o povo de Israel, à luz de Deus, tinha conotação de torná-los
mais humanos – se posso falar assim. Não era para diferenciar apenas, senão
para com a santificação cumprir a promessa feita a Abraão, de que todas as
famílias da terra seriam abençoadas. Conosco seria diferente?
Como assim? Bem, da descendência de Abraão
viria o messias que proporcionaria novamente um relacionamento perfeito com
Deus – em sua totalidade na eternidade. A oferta de salvação é a melhor bênção.
A santificação está implícita totalmente na salvação.
Através da santificação levamos o Reino de
Deus às outras pessoas – no nosso trabalho, escola, faculdade. Atos e não
palavras! A transformação moral processa-se somente mediante a santificação.
Toma-se patente, de imediato, que a
santidade é algo supremamente necessário à salvação, não algo opcional. O
trecho de Hebreus 12.14 garante-nos que ninguém verá a Deus sem a santificação.
Jamais devemos conceber a santidade como a mera ausência de pecado. Esse é um
começo necessário, mas não a própria substância da santidade. Deve haver a participação
nas qualidades morais positivas e metafísicas do Ser Divino, para que a
verdadeira santidade seja atingida.
No novo testamento vemos à imagem de Jesus
a santificação para nós. O Apóstolo Pedro exclama que assim como Deus, devemos
ser santos em todo o nosso procedimento (1 Pe 1.15, 16). Paulo, em 1 Coríntios
10.31, fala que em todo nosso procedimento devemos glorificar ao Pai. Como isso?
Santificação.
A associação com Cristo separa os crentes
do pecado (I Co. 6.19), conferindo-lhes pureza e piedade (Ef. 1.4; 5.27), dando-lhes
uma chamada santa (Cl. 3.12; II Tm. 1.9). Na vida do crente, a santidade
toma-se realidade mediante a vontade de Deus (I Ts. 4.3), estando centrada em
Cristo (I Co. 1.30), além de ser produzida pelo Espírito (II Tes. 2.13), em
parceria com a fé (At 26.18; Ef. 1.1; II Tes. 1.11; Ap. 13.10). O seu objetivo
é a glória de Deus, agora e sempre (II Ts. 1.10, 12).
A santificação consiste na transformação
moral do crente segundo a imagem de Cristo. Por isso torna-se necessária
a comunhão com ele, para que haja essa realização (I Co. 1.4; II Co. 3.18).
Não é algo que parta do interior do homem
senão de Deus! O agente de santificação é o Espírito Santo, proporcionando-nos
o fruto do Espírito.
Assim como a espiritualidade, a santidade
não pode ser mensurada – no sentido de medir quantitativamente. Não podemos
falar que uma pessoa é mais santa que outra, ou mais espiritual que outra,
analisando o estereótipo.
A nossa vida espiritual está mais
qualitativamente, intrinsecamente, do que meramente visual. A roupa não pode
definir o ‘nível’ de santidade e/ou espiritualidade. Nunca vai poder! Como falamos
acima, a santificação consiste na transformação moral da pessoa.
Como trabalha com a moral, é claro que a
pessoa não será imoral. É obvio. Qual o limite de moral então? Bem, o que pode
ser moral para mim, pode não ser para você, ou o que for moral no Brasil pode
não ser na Síria.
Porém essa preocupação não deve ser nossa,
no sentido de querer colocar o ‘nível’ mínimo de moral e assim julgar. Devemos
parar de ver a instituição eclesiástica (igreja) como um clube que possui
regras – uns mais outros menos.
A pessoa que está no processo de
santificação e/ou espiritualidade não necessariamente vai atender o nosso ‘nível’
de estereótipo exigido. Não devemos olhar para isso, e sim buscar os frutos. Não
adianta nada dizer que crê e não produzir fruto.
Cada um cuide de sua intimidade com Deus. Hoje,
infelizmente, confunde-se contemplação, ou estado contemplativo com adoração e
vida espiritual.
Como já dito, é a ação do Espírito Santo
em nossa vida, tornando assim, possível, amar o próximo.